Com a chegada do outono entramos no Movimento metal, e tal como os outros movimentos este tem características próprias, características essas óbvias e fáceis de observar.
O meu objectivo é que no final do texto consiga entender quais as marcas do metal,para que isso aconteça, vou tentar ser o mais objectivo e cortar com o acessório, porque este é o espírito do metal, ele é objectivo, é assertivo e elimina o que não interessa.
Bom, voltando ao princípio e olhando para os ciclos fisiológicos, quer de produção (sheng) quer de controlo (ke), o metal é gerado pelo movimento Terra e gera o movimento água. Controla o movimento Madeira, e é controlado pelo movimento fogo. Nos caso dos ciclos patológicos, ele pode ser agredido (cheng) pelo Fogo e no de contradominância (wu) pela Madeira.
Agora que fiz uma ligeira abordagem da base vamos olhar para algumas das características do Metal e do Outono.
Uma das coisas que se nota logo, é que os dias tornam-se mais curtos e as noites mais longas, e até os dias vão ficando progressivamente mais frios, isto é o Yin a crescer e o Yang a diminuir. Estamos na fase do declínio. É também a altura da queda das folhas, mas antes de caírem elas ficam secas e até a sua coloração muda. Aliás a secura é outra imagem de marca do metal, e em consequência disso pode vir a lesar o Yin e os líquidos orgânicos do corpo.
Por ser um elemento com estas características de Yin a crescer e Yang a diminuir o metal corresponde ao pôr do sol, e como o sol se põe a oeste é precisamente esta a sua direção. Os antigos chineses diziam que os tons de branco do agora designado em jeito de brincadeira “luz que fosco” eram prenúncio de morte e é também por isso que a cor branca pertence ao metal. Aliás, o luto no país do Meio (China) é feito de branco. Outra das prováveis associações para o branco ser do metal é pelas cores claras das lâminas das espadas, é talvez por isso que elas também são conhecidas por armas brancas. Armas essas, que por acaso depois de usadas podem levar as suas vítimas as portas da morte.
Continuando neste campo mais desagradável, se assim me permitem dizer, quando algo está acabando ou mesmo se estragando a libertação de um odor nauseabundo começa a ser sentido, e este é o odor que pertence a este nosso movimento.
Falando em morte que é algo de triste, podemos passar para os sentimentos deste movimento porque é a tristeza e o pesar as emoções de metal. Temos que ter cuidado porque o excesso de algum destes sentimentos faz com que a energia (qi) se dissipe acabando por desaparecer.
Normalmente a tristeza trás choro, e o som de choro é o som que responde a metal.
Felizmente nem tudo o que nos põe a chorar tem que ser por tristezas, pode também acontecer quando comermos algo picante, e é precisamente o sabor picante que corresponde ao Metal.
Chegando a este ponto vamos continuar até aos órgãos sensoriais, em que o ator principal para este movimento é o nariz, tende e a sua função olfativa incluída. Também o muco nasal vulgarmente chamado de ranho é a secreção do Metal. O nariz tem a capacidade de aquecer e filtrar o ar antes de passar pela garganta e chegar aos pulmões. E assim chegamos ao Pulmão (Fei em chinês) órgão Yin de Metal. Se pensarmos que é o pulmão que está em contato direto com o ar, observamos que há uma outra estrutura no corpo que também está em contato permanente com o ar, que é a pele. A partir desta observação, faz todo o sentido quando dizemos que a pele é outra parte do corpo pertencente a esfera do Metal.
O Pulmão, governa o Qi e a respiração, comando os movimentos de descida e dispersão, regula a passagem dos líquidos, assim como é ponto de reunião dos vasos regulando o seu fluxo, é também ponto de reunião para as actividades fisiológicas do corpo. Por fim, mas com grande importância, ele abriga o Po. Po que pode ser encontrado sob várias designações, como essência vital, alma corpórea ou alma sensitiva é determinante na nossa saúde mental e emocional.
É através dele que os estímulos exteriores são interiorizados e conduzidos até ao coração/Shen onde serão analisados ou metabolizados para depois conduzirem a uma resposta num movimento de exteriorização da responsabilidade do Fígado/Hun.
É através dele que os estímulos exteriores são interiorizados e conduzidos até ao coração/Shen onde serão analisados ou metabolizados para depois conduzirem a uma resposta num movimento de exteriorização da responsabilidade do Fígado/Hun.
Quanto a víscera ou órgão Yang do metal temos o intestino grosso (Da Chang em chinês). Ele que transporta, transforma e elimina os dejectos. Cá está a característica do metal de cortar com o que não interessa; E por onde é que sai o que não presta… pelo ânus, que por coincidência ou não, é “carinhosamente” chamado Porta do Pó. O intestino grosso no seu lado mental é o responsável pela capacidade de “desfazer-se das coisas” e de não ficarmos a viver no passado.
Outras curiosidades deste movimento é o facto de Vénus ser o seu astro por aparecer branco e brilhante, ter os números 4 e 9 como seus, que a galinha a cebola e o pêssego também são pertencem a Metal.
Acredito, que depois deste pequeno texto tenham ficado a conhecer melhor o movimento Metal. A Medicina Chinesa no fundo observa e num raciocínio lógico chega a todas estas conclusões.
Para terminar deixo alguns excertos do Livro dos “Princípios de Medicina Interna do IMPERADOR AMARELO”, acerca do Outono/ Metal.
No capítulo 2 (Si Qi Tiao Shen Da Lun; Sobre a preservação da saúde em concordância com quatro estações) “... Nos três meses de outono, as formas de todas as coisas vivas na terra tornam naturalmente maduras e prontas para a colheita. No outono, o vento é vigoroso e rápido, o ambiente da terra é claro e brilhante, portanto, durante este período deve-se deitar mais cedo a fim de ficar afastado do frio, levantar cedo para apreciar o ar áspero outonal, conservar o espírito tranquilo e equilibrado, a fim de isolar-se do sussurro do outono, restringindo o espírito e a energia internamente, protegendo a mente contra a ansiedade e a impetuosidade. Desta forma, a tranquilidade de cada um pode ser mantida, mesmo na atmosfera do sussurro do outono, e pode-se conservar a mesma maneira o hábito do Pulmão. Se estes princípios forem violados pelo homem, seu Pulmão ficará ferido, já que o Pulmão se associa ao metal, e este vinga no outono. Se alguém deixar de se adaptar à prosperidade da energia do outono, que é a “colheita”, este estará sujeito a contrair diarreia lientérica, com fezes aquosas contendo alimento não digerido no inverno. Isto porque sua adaptabilidade à energia do inverno se enfraqueceu devido à sua incapacidade em seguir a prosperidade “de preservar a saúde, da energia do outono, que é a colheita”. Nesse sentido se chama “inadequação em se oferecer ao armazenamento.”
No capítulo 5 (Yin Yang Ying Xiang Da Lun; A relação de correspondência entre o Yin e o Yang no homem e em todas as coisas e a das quatro estações) Qibo respondeu: “...O oeste corresponde à secura metal, portanto, o oeste produz a secura , e a secura é invisível e o metal é visível, e já que as coisas visíveis são produzidas das invisíveis, portanto, a secura produz o metal. O gosto do metal é picante, portanto, o metal produz o picante; o Pulmão se associa ao metal, por isso o picante produz o pulmão. o Pulmão determina a condição dos pêlos e da pele, portanto o Pulmão metal produz os pêlos e a pele. O Pulmão metal produz os rins água, portanto, os pêlos e a pele produz os rins. Os orifícios do Pulmão é o nariz, por isso o Pulmão se associa ao Nariz”
“Nas seis espécies de clima do ceu, o oeste é a secura, nos cinco elementos sobre a terra, é o metal, e o metal no corpo humano, se associa com os pêlos e pele, nas seis cores é o Branco, nas cinco vísceras é o Pulmão, nos seis tons é Shang (o segundo tom), nos sons é choro; quando a respiração é adversa é a tosse; nos nove orificios é o nariz, nos cinco sabores é o picante, nas emoções é a melancolia, e a melancolia excessiva de alegria sobrepuja a melancolia (o fogo pode dominar o metal), e a secura excessiva pode lesar o pulmão, mas o excesso de calor pode secar os pêlos e a pele, e o frio pode sobrepujar o calor”.
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